Alice Dionisio
Com a chegada da primavera e do calor, começou a circular nas redes sociais a informação de que o novo coronavírus sobrevive a uma temperatura máxima de 36°C e que não suportaria caso os termômetros ultrapassassem essa medição. Mas será que isso é verdade? O site da TV Poços procurou o médico infectologista Mário Krugner para esclarecer essa e outras informações à respeito do vírus.
Como o novo coronavírus reage a esse clima de Poços de Caldas? O calor realmente mata o vírus?
A gente sabe que temperaturas extremas, tanto para o frio quanto para o calor, atrapalha a vida de qualquer ser vivo, inclusive desse vírus. A tendência é que o vírus em superfícies mais quentes se desnature e morra mais rápido do que no frio. Mas vale lembrar que a maneira de transmissão mais importante do coronavírus é através de gotículas e aerossois. Existe a possibilidade de contato, de se contaminar com a mão em uma superfície com o vírus e tocar a boca, mão e olhos. Mas isso é muito menor do que a transmissão por aerossol e gotícula.
No período chuvoso há menos facilidade de propagação do coronavírus?
Quanto mais seco tiver o ar, a umidade relativa do ar mais seca, maior a quantidade de partículas suspensas. Então maior a probabilidade de haver vírus (não só o corona, mas também bactéria e fungo) no ar. Com o período chuvoso a umidade aumenta, então provavelmente, o risco diminui.
Quanto mais as temperaturas sobem, naturalmente, mais suamos. Dessa forma, facilita o contágio?
O suor não é uma forma de transmissão da doença. Existe um trabalho que isolaram o vírus no suor, mas ele não é uma forma de transmissão da doença.
Em Poços de Caldas, os clubes ainda não liberaram o uso da piscina para lazer. Porém, muitos questionam se o vírus é resistente à água da piscina, por haver cloro. Há algum estudo sobre isso?
O vírus não é resistente à água, principalmente clorada. Mas as pessoas ficam na piscina respirando de forma mais exacerbada do que em repouso, porque está fazendo uma atividade. E a troca dessa respiração dentro da piscina, através de gotículas e aerossois, pode contaminar uma pessoa que esteja próxima.
Neste período muitos optam por comidas mais leves, como frutas e salada. A orientação de higienizar os alimentos continua? Qual a forma correta de se fazer isso?
O hábito de higienizar as verduras, legumes e frutas que a gente vai comer deve continuar. Vale lembrar que esse vírus é mais resistente do que outros vírus e germes. Então a maneira correta é com vinagre ou hipoclorito, lavando bem as folhagens e deixando de molho.
Os bares e restaurantes voltaram ao funcionamento. Alguns utilizam como “desculpa” para beber que a cerveja, cachaça, vinho ou outros destilados matam o vírus “por dentro”. Há algo comprovado?
A quantidade de álcool que existe na cerveja e nas bebidas alcoólicas como um todo não garante que a gente elimine o vírus da orofaringe.
Ainda sobre bares, fazer um “brinde” com os amigos, pode ser perigoso, por conta de encostar um copo ao outro?
A transmissão por contato de uma boca contaminada em um copo, que vai tocar em outro copo e depois ir para outra boca, pode existir. Mas é muito pequeno esse risco. Apesar da flexibilização ainda não está na hora de estarmos confraternizando.
Dr. também é comum as pessoas se queixarem de moleza, por conta do calor. O sintoma é parecido com o Covid? Quando o paciente deve ficar alerta?
Sentir moleza por conta do calor, é algo inerente, que algumas pessoas podem sentir por vasodilatação. A moleza, o cansaço causado por virose, não só Covid, independe da temperatura. Então ela acorda cansada, vai trabalhar cansada, dormir cansada. Não é a temperatura que vai reger isso. Ela vai sentir principalmente em caso de virose.
Por último, quais as recomendações sanitárias, principalmente com esse calor?
As recomendações sanitárias são as mesmas: higienizar as mãos antes e depois de tocar em alguma coisa que vai levar à boca, uma comida ou bebida. Ter esse bom hábito de sempre usar álcool ou água e sabão. Se hidratar bastante, comer comidas leves e de procedência confiável. Apesar da fadiga, não retirar a máscara. Nada além do óbvio, que era pra ter sido feito antes e que o corona veio para despertar isso.