Segundo levantamento do Sebrae, 59% dos pequenos negócios mineiros estão presentes nas redes sociais
Alice Dionisio | 8h21
A pandemia fez com que muitas pessoas refletissem sobre a vida e para os empresários não foi diferente. Os gestores de pequenos negócios tiveram que se reinventar para superar a crise. Uma das saídas foi se adaptar e migrar para o universo online. De acordo com levantamento do Sebrae, 57,7% das empresas mineiras conseguiram aumentar as vendas investindo nos canais digitais.
O produtor de doces, Glaucio Peron, possui uma loja no centro de Poços de Caldas há dez anos e usava as redes sociais apenas para compartilhar como os produtos eram feitos. “Como a maioria das vendas era para pessoa jurídica, usávamos a página pra ter uma aproximação mesmo com os clientes, mostrar os bastidores. No marketing é o que chamam de engajamento” afirma.
Porém, com a quarentena, as coisas precisaram mudar. “Lançamos novos produtos, que apelidamos carinhosamente de filhotinhos. Em abril começamos a divulgar mais as nossas mercadorias e aceitar pedidos pelas redes sociais. Em quatro meses aumentamos 20% do nosso faturamento, atingindo os dois públicos: pessoa física e jurídica” conta o produtor.
Glaucio acredita que esse período foi de evolução, não só para ele, como para a empresa. “A pandemia rompeu paradigmas. Hoje não preciso de ter tantos vendedores e carros nas ruas. Tenho uma funcionária que fica em Ipatinga gerenciando as mídias sociais e anotando os pedidos online” avalia. Ele ainda dá uma dica aos empresários: “aceite o mais rápido possível esse novo modelo de negócio. É como tomar uma injeção, quanto mais a gente luta e se debate, mais dolorido é. Então temos que aceitar mesmo essa mudança” aconselha, Peron.
Para o Analista do Sebrae Minas é muito importante as marcas estarem presentes nas novas mídias. “Os consumidores são chamados hoje de ‘nômades digitais’, porque estão envolvidos pelo mundo digital. Assim, os negócios precisam acompanhar esta tendência. Por isso, os clientes atuais buscam marcas que se posicionem, principalmente no meio digital” afirma, Francis Lago.
E com tanta tecnologia, será que a tendência será abandonar as lojas físicas e partir para a internet? “O comportamento do consumidor obedece a um ciclo de vida de comportamento de cada época e é isso que vai nos dizer como serão os modelos de negócios do futuro. Porém, é bem provável que a venda online não substitua a venda presencial, uma vez que, muitos clientes ainda necessitam de contato físico na escolha de alguns produtos” acredita, o analista.
É o caso do modelo de negócio do empresário, Leandro Iwata, que presta assessoria de compra e venda de veículos por meio de uma página no Instagram. “No nosso mercado, quase não existe venda online. Quem vai comprar um carro, quer vê-lo pessoalmente. A mídia social acaba sendo uma vitrine, por isso tiramos fotos de alta qualidade, investimos na criação de informativas e descrições com muito detalhamento. Somos totalmente transparentes, queremos não só ser atrativos para o cliente, mas sinceros. Dizemos que a pessoa interessada só confere o que estava especificado, já que a avaliação foi feita presencialmente e detalhadamente por nós” conta.
Ele vendia carros informalmente, como um hobby, e a quarentena foi a motivação para tornar isso algo profissional. “Sou proprietário de uma distribuidora de cosméticos e a pandemia me inspirou a criar essa segunda empresa. Mesmo sem visitas vistorias presenciais, a negociação dos veículos aconteceu normalmente” afirma, Leandro.
O novo negócio permitiu que ele crescesse profissionalmente. “É algo relativamente novo, com menos de seis meses. Uma das facilidades foi não ter investimento financeiro, como aluguel, funcionários, luz ou água. Me surpreendi muito com o resultado, o interesse e o retorno dos clientes. A estimativa é que até o final do ano, consiga ter um aumento de 50% na minha renda” planeja o empresário.
E foi justamente pensando em aumentar a fonte de renda, que a jornalista Beatriz Reis, resolveu montar o próprio negócio no Instagram. “Durante a pandemia tive a carga horária de trabalho reduzida e fiquei com um tempo livre durante o dia. Eu via minha tia, que é confeiteira, trabalhando e resolvi fazer doces gourmets para vender” lembra.
Após o período de quarentena, o horário de trabalho voltou ao normal. Mas ela preferiu não abandonar o negócio. “Eu fiz muitos clientes, em pouco tempo. A maioria veio do Instagram. Optei por continuar com as vendas, porém, aos finais de semana. Agora é manter a rede social sempre ativa, movimentando a conta e tendo esse dinheirinho extra” afirma, Beatriz.
Como investir
Para quem quer começar o próprio negócio na internet, o Sebrae dá algumas dicas:
1º – Conheça a persona da sua empresa e descubra principalmente a experiência dos seus clientes no âmbito digital.
2º – Trace a jornada digital do seu cliente e mapeie quais são os contatos que seus clientes realizam do primeiro contato até a venda.
3º – Escolha as ferramentas que realmente fazem sentido para seu cliente. Lembrando, as ferramentas estão a serviço dos clientes e não ao contrário.
4º – Trace estratégias específicas para o marketing digital do seu negócio.
5º – Mensure as métricas de suas campanhas para vendas online. Verifique se estão tendo resultado.
6º – Tenha tempo para revisar suas estratégias de vendas e marketing digital e aprender com todo o processo.