Usuários da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), em Poços de Caldas, têm relatado episódios de ataques de macacos-prego nas proximidades da unidade de saúde. Os animais, que se tornaram presença constante no local em busca de alimentos, chegam a agir com agressividade, chegando a roubar comida das mãos de pacientes e visitantes.
A equipe da TV Poços flagrou alguns desses macacos consumindo doces e até embalagens de papel de sorvete — comportamento que, segundo especialistas, pode causar sérios problemas digestivos e até levar à morte. Além disso, o acúmulo de sacolas, restos de alimentos e objetos retirados de lixeiras tem provocado sujeira no entorno da unidade e nas árvores próximas.
foto: Victor Imesi
Declaração do secretário
O secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Stefano Albino Zincone, falou sobre o tema e destacou a preocupação com os casos registrados:
“Essa questão do macaco realmente estamos cientes. Tivemos uma reunião semana passada com a Secretaria de Saúde. Como estão acontecendo casos de mordeduras, isso entra também no campo das doenças contagiosas transmitidas por mordida. Nessa reunião, também participou a Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela questão da vacina. Nós alinhamos uma série de temas e acredito que em breve teremos uma nova reunião para avançar nesse assunto.”
foto: Victor Imesi
Projeto de manejo e desmame
O coordenador da Divisão de Fauna da SEMMAS, Marcus Vinícius Carvalho De Vito, também comentou sobre os ataques e explicou que o comportamento dos macacos é consequência direta da interrupção do hábito de alimentá-los:
“Acompanho essa situação de perto, pois já atuei na saúde pública e integrei, por seis anos, a Comissão de Prevenção de Mordeduras em Poços de Caldas. Temos observado um aumento no número de casos, principalmente em períodos de férias, quando cresce a presença de turistas e crianças que, muitas vezes, alimentam os macacos. Quando as pessoas pararam de oferecer comida, os animais, já acostumados, passaram a buscar alternativas nos lixos, sacolas e até mesmo dentro das casas.
Na natureza, o macaco-prego não se alimenta de banana ou maçã como muitos acreditam. Sua dieta é baseada em frutas nativas como pitanga, araçá e gabiroba, que têm menos açúcar e mais fibras. O contato com alimentos industrializados, doces e embalagens faz com que desenvolvam preferência por sabores adocicados, o que é prejudicial à saúde deles.
foto: Victor Imesi
A SEMMAS, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde, está estruturando um projeto de alimentação de desmame. Serão instalados alimentadores no interior da mata, oferecendo alimentos gradualmente e em pontos cada vez mais distantes das áreas urbanas. O objetivo é quebrar o hábito de procurar comida em residências e lixeiras.
É um processo transitório e que vai levar tempo, mas só terá sucesso se a população colaborar. Para isso, é importante não alimentar os macacos e adotar medidas de proteção, como manter varandas teladas, lixeiras bem fechadas, evitar deixar ração de cães e gatos à disposição dos animais e afastar das paredes qualquer objeto que possa servir de apoio para escalada.
É importante reforçar: não falta alimento para esses animais na natureza. O problema foi criado pelo hábito humano de oferecer comida, e agora precisamos reverter esse quadro com paciência e responsabilidade.”