Macacos-prego provocam preocupação em Poços

Macacos-prego provocam preocupação em Poços

Atualizado em 19 de agosto de 2025


Usuários da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), em Poços de Caldas, têm relatado episódios de ataques de macacos-prego nas proximidades da unidade de saúde. Os animais, que se tornaram presença constante no local em busca de alimentos, chegam a agir com agressividade, chegando a roubar comida das mãos de pacientes e visitantes.

A equipe da TV Poços flagrou alguns desses macacos consumindo doces e até embalagens de papel de sorvete — comportamento que, segundo especialistas, pode causar sérios problemas digestivos e até levar à morte. Além disso, o acúmulo de sacolas, restos de alimentos e objetos retirados de lixeiras tem provocado sujeira no entorno da unidade e nas árvores próximas.

foto: Victor Imesi

Declaração do secretário

O secretário municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Stefano Albino Zincone, falou sobre o tema e destacou a preocupação com os casos registrados:

“Essa questão do macaco realmente estamos cientes. Tivemos uma reunião semana passada com a Secretaria de Saúde. Como estão acontecendo casos de mordeduras, isso entra também no campo das doenças contagiosas transmitidas por mordida. Nessa reunião, também participou a Secretaria de Estado da Saúde, responsável pela questão da vacina. Nós alinhamos uma série de temas e acredito que em breve teremos uma nova reunião para avançar nesse assunto.”

foto: Victor Imesi

Projeto de manejo e desmame

O coordenador da Divisão de Fauna da SEMMAS, Marcus Vinícius Carvalho De Vito, também comentou sobre os ataques e explicou que o comportamento dos macacos é consequência direta da interrupção do hábito de alimentá-los:

“Acompanho essa situação de perto, pois já atuei na saúde pública e integrei, por seis anos, a Comissão de Prevenção de Mordeduras em Poços de Caldas. Temos observado um aumento no número de casos, principalmente em períodos de férias, quando cresce a presença de turistas e crianças que, muitas vezes, alimentam os macacos. Quando as pessoas pararam de oferecer comida, os animais, já acostumados, passaram a buscar alternativas nos lixos, sacolas e até mesmo dentro das casas.

Na natureza, o macaco-prego não se alimenta de banana ou maçã como muitos acreditam. Sua dieta é baseada em frutas nativas como pitanga, araçá e gabiroba, que têm menos açúcar e mais fibras. O contato com alimentos industrializados, doces e embalagens faz com que desenvolvam preferência por sabores adocicados, o que é prejudicial à saúde deles.

foto: Victor Imesi

A SEMMAS, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Secretaria de Estado da Saúde, está estruturando um projeto de alimentação de desmame. Serão instalados alimentadores no interior da mata, oferecendo alimentos gradualmente e em pontos cada vez mais distantes das áreas urbanas. O objetivo é quebrar o hábito de procurar comida em residências e lixeiras.

É um processo transitório e que vai levar tempo, mas só terá sucesso se a população colaborar. Para isso, é importante não alimentar os macacos e adotar medidas de proteção, como manter varandas teladas, lixeiras bem fechadas, evitar deixar ração de cães e gatos à disposição dos animais e afastar das paredes qualquer objeto que possa servir de apoio para escalada.

É importante reforçar: não falta alimento para esses animais na natureza. O problema foi criado pelo hábito humano de oferecer comida, e agora precisamos reverter esse quadro com paciência e responsabilidade.”


VEJA O VÍDEO:

 

Compartilhe:

Compartilhe