A greve na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) ultrapassa 45 dias, ressaltando os graves problemas no Estado, como a precarização do ensino superior e a dispersão de pesquisadores e pesquisadoras causada por salários notavelmente irrisórios. A mobilização paredista histórica, apoiada por centenas de professores e professoras e pela comunidade estudantil, evidencia, entre outros problemas, o não cumprimento do Acordo de Greve conquistado em 2016 e homologado pela Justiça em 2018.
A greve atual ressalta a crescente preocupação com o vencimento básico (base da remuneração) dos e das docentes, considerado hoje um dos mais baixos do país, defasado em mais de 70%, paradoxalmente, num dos Estados mais ricos da federação brasileira. Essa condição muito desfavorável contribui, significativamente, para a transferência de talentos científico-acadêmicos de Minas Gerais para outros Estados, empobrecendo o potencial de inovação e desenvolvimento tecnológico e cientifico na região. A ausência de um plano de carreira adequado à complexidade da função docente no ensino público superior, uma exigência que consta do acordo de greve de 2016, não cumprido até este momento, continua sendo uma das principais reivindicações dos professores e professoras, que acabam percebendo a carreira universitária em situação bastante diferente e muito mais vantajosa em outros estados e outras instituições de ensino.
O apoio dos e das estudantes à greve docente mostra um lúcido apoio à luta por melhores condições de trabalho e pelo reconhecimento da interdependência entre a qualidade de ensino e a satisfação e estabilidade dos professores e das professoras. A greve atual não apenas sublinha a necessidade urgente de reformas no plano de carreira dos docentes em Minas Gerais e na sua valorização salarial, mas, também, assinala o compromisso de todas as pessoas envolvidas para com a melhoria contínua da qualidade educacional no estado, incluindo a população mineira e alguns e algumas parlamentares que apoiam incondicionalmente o movimento.
O impacto da greve estende-se para além dos limites da Universidade, afetando a imagem do Governo do estado de Minas Gerais quanto ao apoio e a valorização da educação pública superior. A condição atual, aviltante e pauperizada, desafia o governo a tomar medidas urgentes e eficazes para combater e, quiçá, resolver os problemas de longa data enfrentados pela comunidade acadêmica da UEMG.
A próxima Assembleia dos e das docentes, que visa discutir estratégias futuras e avaliar o progresso das negociações atualmente em curso, vistas como tímidas pelo conjunto da categoria, está programada para ocorrer em Divinópolis no dia 20 de junho, às 15hs e muitas caravanas pelo Estado já se mobilizam para comparecer a ela. A expectativa é que o governo, finalmente, apresente propostas que atendam o conjunto das reivindicações dos e das grevistas.