Exposição “Congos e Caiapós: Museu Abre Passagem” celebra aniversário do Museu Histórico e Geográfico

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A partir do dia 11 de novembro, o Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas apresenta a exposição “Congos e Caiapós: Museu Abre Passagem”, que tem como objetivo reconhecer, valorizar e divulgar práticas e bens culturais da cidade, ampliar o interesse da população local em relação às Congadas e aos Caiapós e celebrar o aniversário de 51 anos do MHGPC.

A mostra conta com fotografias, vestimentas, estandartes, bandeiras e objetos ligados aos Ternos de Congos e Grupos de Caiapós e ficará aberta para visitação até 30 de novembro. “Na nossa cidade, essas manifestações sempre estiveram marcadas pela resistência e fazem parte do nosso bem cultural mais valioso. É pensando em valorizar, fortalecer, preservar e divulgar os costumes, crenças e tradições de Poços que o Museu escolheu os Ternos de Congos e os Caiapós como temática dessa exposição”, destaca a coordenadora do MHGPC, Nanci de Moraes.

Segundo a historiadora Regiane Augusto de Mattos, no livro História e Cultura Afro-Brasileira, reis africanos de nação começaram a ser chamados de “reis do Congo”. Este título representava lideranças de comunidades negras mesmo que a pessoa não fosse natural daquele reino. Com o passar dos anos, surge uma identidade negra em torno dessa manifestação, abrangendo africanos de diversas partes do continente e também seus descendentes. Atualmente, essa expressão cultural é conhecida como Congada, sendo uma das festas mais populares do Brasil. É também um importante patrimônio imaterial.

No Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo, a Congada é definida como uma dança dramática, de origem afro-brasileira que, na maior parte dos estados do país, encena a coroação de um rei negro, o Rei Congo.

(Foto: Lavínia Du Valle)

Comumente, as Congadas são associadas a alguns santos como São Benedito, Santa Ifigênia, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Mercês, entre outros. Também possui relações com a religiosidade de matriz africana, em uma fusão desses elementos.

No livro Memórias Históricas de Poços de Caldas, Nilza Botelho Megale descreve que os caiapós são pessoas vestidas de indígenas, pintados e tatuados. O cacique possui um traje mais apurado e empunha a buzina de Chifre. Os dançadores utilizam saia de capim, camisas cobertas com penas de galinha, pulseira nos braços e artelhos e colares, carregando nas mãos arcos, flechas e espadas de madeira, que batem para marcar o ritmo. Os instrumentos utilizados são: buzinas, reco-reco, chocalhos e tabuinhas. Vale lembrar que eles não cantam e nem falam, pois os indígenas não compreendiam o idioma português.

Aqui em Poços de Caldas, o primeiro registro de Congada é da Revista de Poços, em maio de 1904. Os Ternos de Congos e Caiapós são fundamentais para as festividades de São Benedito, que ocorrem de 1º a 13 de maio.

Na tradição local, a peculiaridade da presença de indígenas junto aos negros na festa ocorre porque os indígenas se solidarizaram com a condição de escravidão dos negros. Sobre isso, no documentário “13 de Maio – A Festa de São Benedito, fragmentos de uma história”, Ailton Santana, o popular Mestre Bucha diz: “A retirada dos caiapós do mato significa compartilhamento, um agradecimento dos negros aos índios que sempre deram acolhida aos escravos, foragidos das senzalas, machucados e com fome. O índio sempre foi um protetor dos negros fugidos, dava acolhida, curava e alimentava”.

Serviço
Exposição “Congos e Caiapós: Museu Abre Passagem”
De 11 a 30 de novembro de 2023
Museu Histórico e Geográfico de Poços de Caldas
Rua Padre Henry Mothon, s/n – Centro – Poços de Caldas – MG
De terça a sexta, das 9h30 às 16h30;
Aos sábados, das 13h às 17h;
Domingo e feriado, das 9h às 13h.

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