Em Assembleia Extraordinária realizada na tarde desta quinta-feira (27) em frente ao Centro Administrativo, os servidores públicos de Poços de Caldas decidiram entrar em greve a partir da próxima quarta-feira (5). A decisão ocorreu após uma série de reuniões entre a Diretoria do Sindicato e a administração municipal, sem avanços nas negociações.
Os servidores reivindicavam um reajuste salarial de 11,8% e um aumento no vale-alimentação de R$ 700,00 para R$ 1.000,00. Em resposta, a administração municipal inicialmente propôs um reajuste salarial de 4,56% e um aumento no vale-alimentação para R$ 731,00. Essa primeira proposta foi rejeitada pelos servidores na última segunda-feira (24), que então apresentaram uma contraproposta com os valores de reajuste e vale-alimentação que haviam solicitado.
Nesta quinta-feira (27), a administração fez uma nova proposta: reajuste salarial de 5% e aumento no vale-alimentação para R$ 770,00. No entanto, a proposta veio acompanhada da revogação de algumas cláusulas do Acordo Coletivo, vigentes há vários anos. Diante desse cenário, a Assembleia rejeitou a proposta e deliberou pela greve por tempo indeterminado.
A greve contará com o pleno apoio do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Poços de Caldas. A presidente do sindicato, Greice Keli Alves, se mostrou indignada com a situação. “Os servidores querem ser valorizados e respeitados. O reajuste oferecido é uma piada de mau gosto, uma esmola para os trabalhadores que carregam a Prefeitura nas costas”, declarou.
Outro ponto que gerou revolta entre os servidores foi a ausência do prefeito Paulo Ney nas duas reuniões de negociação. “O Paulo esteve no Sindserv no começo do ano, prometeu uma gestão de diálogo, disse que ouviria os servidores e se sentaria à mesa para negociar, mas não cumpriu sua palavra. Após a primeira reunião, liguei para ele e ele reafirmou que estaria na segunda, mas novamente não apareceu. Isso mostra como ele enxerga os servidores públicos”, completou Greice Keli.
A Prefeitura, por sua vez, justificou a impossibilidade de atender às demandas do sindicato com base no limite prudencial de gastos com pessoal, já atingido pelo Município e notificado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). O descumprimento do limite pode acarretar sanções previstas no Artigo 167-A da Constituição Federal, que proíbe reajustes salariais, novas contratações e programas de recuperação fiscal.
Em sua defesa, o secretário de Administração e Gestão de Pessoas, Alexander Dannias, ressaltou a importância do cumprimento das normas fiscais. “Trabalhamos com responsabilidade e consciência. Não vemos necessidade de indicativos de greve, pois a Prefeitura valoriza os servidores e busca sempre oferecer as melhores condições possíveis dentro da realidade financeira, sem recorrer ao aumento de impostos. A população é quem paga essa conta e precisa ser respeitada. Por isso, propusemos um reajuste que cobre a inflação e seguimos um caminho seguro para não comprometer as contas do Município, garantindo a prestação de serviços essenciais sem onerar ainda mais os contribuintes”, afirmou Dannias.