Secretário de Saúde de Poços de Caldas afirma que a doença está em platô, ou seja, a situação está estabilizada
Alice Dionisio | 15h25
Após se recuperar da Covid-19, o Secretário de Saúde, Carlos Mosconi, voltou a trabalhar na última terça-feira (15). Em entrevista exclusiva ao site da TV Poços, ele conta quando desconfiou que estaria com a doença e como foi o tratamento durante o período em que esteve isolado. O Secretário ainda fez uma avaliação da situação em nosso município e um apelo à população para que não deixem de seguir as medidas sanitárias.
Site TV Poços: Quando o senhor percebeu que poderia estar com Covid-19?
Eu já tinha feito exames antes e todos deram negativo. Vim trabalhar naquela semana e na terça-feira à noite tive muitos sintomas em casa. Uma gripe fortíssima, com muito espirro, o que não é normal. Fui deitar e tive muita dor no corpo, no braço, tórax e nas pernas. No dia seguinte liguei para o Dr. Mário Krugner, que é infectologista, expliquei a situação e fiz o exame na hora. Deu positivo. A minha mulher como estava sem sintomas, fez o exame só no dia seguinte e deu positivo também. Felizmente ela ficou totalmente assintomática. Alguns dias depois apresentei um sangramento intestinal e precisei ir para a UTI, onde fiquei isolado. Os exames na manhã seguinte foram feitos e o sangramento tinha parado. Fui medicado e fiquei sintomático na minha casa, com muita fraqueza, falta de disposição pra tudo e totalmente sem apetite. Passei esses dias tomando remédio, muito liquido e totalmente recluso na minha casa.
Site TV Poços: Em algum momento sentiu medo?
Medo não, mas preocupação sim! A doença é perigosa porque você não sabe o que vai te acontecer amanhã. A gente fica pensando “será que vou piorar ou será que vou melhorar?”. As doenças de maneira geral você sabe como é a evolução, seja grave ou não. O coronavírus não tem estudo, não sabe o que vai acontecer amanhã. O que consola é que a grande maioria fica curado. A família e os amigos ficam muito envolvidos, as pessoas próximas ficam preocupadas. Eu tenho a minha mãe, de 94 anos, minhas irmãs com idade avançada, meus filhos… há uma preocupação enorme. Além do receio de transmitir doença. Ela é angustiante.
Site TV Poços: Algum servidor da Secretaria de Saúde testou positivo?
Uma enorme preocupação que eu tive quando deu positivo foi que eu vim trabalhar segunda e terça e tive contato com todo mundo. O receio de ter passado isso para essas pessoas é enorme. O pessoal fez uma testagem e graças a Deus todos deram negativos. O risco de você contaminar outras pessoas é extremamente angustiante. Você não quer passar pra ninguém, mas sabe-se lá. Por isso que digo que sair de máscara e higienizar as mãos é essencial, pois o risco de passar pra alguém ou adquirir é muito menor.
Site TV Poços: Como avalia a situação em nossa cidade?
Eu sei que houve uma mudança no comportamento da população. Eles não aguentam mais ficar dentro de casa. Não é fácil, querem sair, fazer caminhada e entendo que seja assim. Não vejo mais jeito de ficar segurando muito mais não. O comércio e os bares voltaram e acho que a abertura do turismo é correta. Mas devemos manter os cuidados, porque isso pode segurar e não deixar a doença se alastrar.
Site TV Poços: Essa semana, o Governo do Estado afirmou que a doença está em queda em Minas Gerais. Poços de Caldas entra nessa estatística?
Ainda não houve uma avaliação numérica detalhada, mas não aumentou a incidência, estamos em uma fase de platô (estabilidade). Aumentou a ocupação de leitos de UTI, porque atendemos pacientes de fora, mas já houve uma queda novamente. Tudo dentro das normas e do protocolo. Temos leitos de sobra, como os do hospital de campanha, que nem chegaram a ser usados ainda, mas que estão lá se precisarmos. Espero que mantenhamos nessa situação e daqui uns dias caminhemos para uma diminuição.
Site TV Poços: E para que isso aconteça, quais as recomendações?
Faço esse apelo com muita insistência: não vamos negligenciar. Estamos em uma reta final, então vamos tomar cuidado. As pessoas que tem comorbidade, o risco é muito maior. Quase todos os óbitos da cidade foram de pessoas idosas com comorbidade. Eu passei por isso e sei a angústia que é, principalmente pra família. Vamos poupar as pessoas que nos amam disso. Os cuidados não são exagerados. Não é mais “fique trancado dentro de casa”. É sair com a máscara, higienização direta e não fazer aglomeração. Onde tem aglomeração, principalmente em lugares fechados, saia fora! O ambiente aberto é muito mais saudável. Logo os parques vão começar a voltar, assim como as músicas ao vivo. Queremos que a cidade volte a viver, mas com cuidado.