Diretor do MG Transplantes destaca que todos os procedimento seguem critérios técnicos e que a fila não permite privilégios
A credibilidade da lista de espera por transplantes de órgãos tem sido tema de conversas cotidianas e, muitas vezes, cercada por boatos e rumores infundados, que podem ter impacto negativo na decisão das famílias de possíveis doadores de órgãos e tecidos, no momento de autorizarem a doação.
A classificação na lista de espera é determinada por um conjunto de fatores técnicos relacionados exclusivamente ao quadro de saúde dos pacientes, inclusive a compatibilidade entre o doador e o receptor, assim como o tempo em que ele aguarda pela cirurgia. O nível de gravidade do paciente faz com que ele avance na lista de espera, passando à frente daqueles que estão menos graves e que, portanto, podem aguardar um pouco mais em comparação àquele que corre maior risco de morte, daí a necessidade da cirurgia com urgência.
“A distribuição dos órgãos é gerenciada pelo Ministério da Saúde e a fila é aberta e transparente. Os dados que constam no cadastro de quem aguarda pelo transplante dizem respeito, estritamente, ao tipo de doença, nível de gravidade e demais características imunológicas daquela pessoa. Essas informações constituem uma espécie de ‘carteira imunológica’ que identifica os futuros transplantados com base, unicamente, nessa série de dados que determinam o lugar na lista de espera”, explica o cirurgião e diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado.
Ele rebate suposições de que a fila de transplantes esteja sendo submetida a privilégios e reforça a confiabilidade da fila, assim como de todo o sistema de transplantes no Brasil (país com o maior sistema público de transplantes no mundo). “O assunto vem à tona toda vez que uma pessoa famosa ou influente recebe transplante, e gera dúvidas. Mas não temos informações no sistema sobre a condição socioeconômica da pessoa, nem se ela fará a cirurgia transplantadora pela rede pública ou privada. Dados dessa natureza não constam na lista de espera de possíveis receptores de órgãos e tecidos”, assegura Omar Cançado.
Todos os órgãos distribuídos para transplantes no Brasil vêm do Sistema Único de Saúde (SUS), responsável pela captação, pela distribuição e pela regulação da fila única de espera. Portanto, independente do fato de que a cirurgia transplantadora seja realizada na rede pública ou na privada, todos que aguardam pelo transplante têm que estar, necessariamente, na lista única de espera gerida pelo SUS, por meio do Ministério da Saúde, e aguardar sua vez conforme sua classificação de prioridade.
Aumento das doações
No ano passado, foi registrado um aumento no número de doações e na realização de transplantes, tanto em Minas como no Brasil. Entre outros fatores, esse é um efeito positivo da circulação de informações corretas sobre a dinâmica do transplante de órgãos. Com isso, o assunto da doação e dos transplantes de órgãos ganha maior visibilidade e é inserido nas conversas cotidianas de um número significativo de pessoas.
Neste momento, sete mil pessoas aguardam por transplante de órgãos e tecidos em Minas Gerais, e a lista de espera é maior para quem precisa de rim e córnea.
Um exemplo da credibilidade internacional do sistema de transplantes do Brasil ocorreu em 2021, durante a viabilização da doação de órgãos de uma cidadã da Ucrânia, que estava sob a condição de refugiada humanitária no Brasil, em razão da guerra em seu país. Ela vivia em Belo Horizonte e havia manifestado a um grupo de amigos o desejo de ser doadora de órgãos e tecidos.
Com ação conjunta das diplomacias ucraniana e brasileira, e com apoio do MG Transplantes, a mãe da doadora foi localizada em um das cidades sob bombardeio na Ucrânia, e permitiu que o desejo de sua única filha fosse realizado, autorizando a doação.
Converse com sua família
A doação de órgãos é um ato pelo qual a pessoa manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos) sejam transplantadas para ajudar outras pessoas.
O principal passo para se tornar um doador é conversar com a família e deixar claro o desejo. Não é obrigatório deixar nenhum registro por escrito, porém os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte do doador.
Fonte: Agência Minas